A função pensamento
Por: Hellen Reis Mourão
A
função pensamento, assim como o sentimento, é uma função qualificada por Jung
como racional.
Racional,
no sentido como nós conhecemos. É nela que se encontram a análise lógica,
cartesiana. Para essa função é necessário desenvolver uma tese, onde a
introdução, análise, crítica e conclusão são inevitáveis.
No
pensamento não há descanso enquanto não se encontra uma conclusão. A
investigação faz parte de seu repertório. A curiosidade é altamente aguçada, levando
a ao cerne das questões.
Essa
função esclarece o que significam os objetos. Aqui não há valorização, como no
sentimento, apenas o esclarecimento puro e simples.
Em
Jung – Vida e obra, Nise da Silveira diz:
O pensamento esclarece o que significam os
objetos...Julga, classifica, discrimina uma coisa da outra.
Entretanto
é pertinente deixar claro que o pensamento em si não se atrai pelo raciocínio
abstrato, a não ser que esteja respaldado por uma forte intuição. O pensamento
puro e simples como Jung compreendia se dirigia a um raciocínio lógico.
Os
pensadores são hábeis em tomar uma distância panorâmica de problemas e dos
temas a serem estudados.
Representantes
dessa função podem ser encontrados em detetives e cientistas.
Os
extrovertidos podem se tornar hábeis políticos, homens de negócios, advogados
brilhantes, excelentes organizadores de serviços científicos, de firmas
comerciais ou de setores burocráticos. Pois os pensadores extrovertidos são
competentes em colocar em ordem lógica idéias já existentes.
No
caso do pensador introvertido, há um interesse pela produção de idéias novas e
originais. Por isso seus representantes são muitas vezes encontrados nos
teórico,s como matemáticos e filósofos. Ou seja, aqueles que se deleitam em
especulações filosóficas ou cientificas.
Mas
o grande problema do tipo pensador reside justamente em sua função inferior, o
sentimento que é indiferenciado e primitivo.
Embora
seja capaz te ter afeições profundas, dificilmente conseguirá expressa-las. Marie
Louise Von Franz compara a expressão de afetos do tipo pensamento a jatos de
lava de um vulcão.
Outro
grande problema está na valorização, que é algo típico da função sentimento. O
tipo pensamento é desajeitado em suas relações sociais. A família de um pensador
pode se sentir desvalorizada.
Portanto,
tanto o extrovertido quanto o introvertido pensador é capaz de ferir e
destruir, mesmo sem qualquer intenção de sua parte.
Já
que a sua função sentimento é primitiva ele realmente não sabe discernir, pois
o sentimento é a única função que consegue discriminar o que é útil ou não, o
que é positivo do que é negativo. Por isso quando tomado pela função inferior o
tipo pensante simplesmente descarta com frieza, pessoas e objetos, sem mesmo
haver feito qualquer avaliação prévia. Esse tipo, portanto, é aquele que rompe
abruptamente uma relação, pensando que está pautado em fatos, mas não está.
Outro
ponto sensível em sua personalidade é a ética, outra característica da função
sentimento. Na função pensamento a ética é por vezes deixada de lado. Um
cientista em busca da conclusão de seus estudos e da verdade pode ser taxado
como frio e desumano.
Entretanto,
sem querer aprofundar nessa questão, uma vez que é bastante polêmica, devemos
levar em consideração que se não houvesse essa função na humanidade, vacinas
não teriam sido desenvolvidas, bem como remédios e outros estudos que levaram
ao nosso desenvolvimento.
Portanto,
podemos concluir que todas as funções são de extrema importância para o nosso
desenvolvimento pessoal e coletivo. O importante é buscarmos o equilíbrio de
todas elas.
Referências
JUNG, C. G. Tipos
Psicológicos. 7. ed. Petrópolis: Vozes, 1991.
VON FRANZ, M. L. A Tipologia de Jung – A função inferior. 7. ed. São
Paulo: Cultrix, 2007.
SILVEIRA, N. Jung:
Vida e Obra. 20.
ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2006.
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