O Tempo
Por: Hellen Reis Mourão
Tempo!
Quantas vezes
nos deparamos com o problema do tempo?
Gostaríamos de
ter mais tempo para fazer mais coisas!
O quanto não
sonhamos com um futuro feliz! Sonhamos em encontrar a pessoa dos nossos sonhos,
almejamos um emprego melhor, o carro do ano, tudo o que venha nos trazer
felicidade...no futuro!
Ou quantas vezes
nos pegamos lamentando o passado, lembrando de nossas infelicidades, quando
nossos corações foram partidos, quando fomos agredidos, abandonados, ou nos
pegamos pensando em coisas que deveríamos ter feito, mas não fizemos.
O tempo
cronológico é uma invenção da consciência. Nosso ego, nossa mente é capaz de se
locomover pelo para o passado e para o futuro. E o que é pior, vivemos
constantemente neles. Raramente estamos no presente.
Ekchart Tolle,
em O Poder do Agora comenta;
“Para o ego, o momento presente
dificilmente existe. Só o passado e o futuro são considerados
importantes. Essa total inversão
da verdade explica por que, para o ego, a mente não tem função. O ego está
sempre preocupado em manter vivo o passado, porque pensa que sem ele não
seríamos ninguém. E se projeta no futuro para assegurar a continuação de sua
sobrevivência e buscar algum tipo de escape ou satisfação lá adiante.
Ele diz assim: “Um dia, quando
isso ou aquilo acontecer, vou ficar bem, feliz, em paz”. Mesmo quando o ego
parece estar preocupado com o presente, não é o presente que ele vê, porque
constrói uma imagem completamente distorcida, a partir do passado. Ou então
reduz o presente a um meio para obter o fim desejado, um fim que sempre
consiste em um futuro projetado pela mente. Observe sua mente e verá que é
assim que ela funciona.”
Portanto nosso
ego está estruturado para representar e estabelecer o mundo, e as coisas dentro
do espaço e tempo.
Mas isso não
existe no inconsciente. Todos os conteúdos que surgem no limiar de nossa
consciência advindos do inconsciente se encontram simultaneamente no presente.
Para Carl Jung
no inconsciente existe a relatividade do espaço e do tempo. Além disso, de
acordo com a neurociência o inconsciente nos “protege”, o que nos permite andar
na rua ao mesmo tempo em que falamos ao celular e em que pensamos no que vamos comer
no jantar, sem com isso sermos atropelados.
Quantas vezes
você estava dirigindo e pensando na vida quando milagrosamente chegou ao seu
destino, sem saber exatamente como¿
Isso aconteceu
porque o inconsciente está no presente!
Nós, seres
humanos, com o nosso ego, vivemos em um estado de nostalgia e torpor. Ansiamos
pela profundeza materna, pelo seio acalentador e fugimos do presente,
constantemente. E muitas vezes fazemos isso nos anestesiando com drogas,
comida, sexo, jogos e compras em excesso.
Ora vivemos
pensando no passado, ou ansiamos por um futuro milagroso. Tentamos conservar a
infância e a eterna juventude, e fugimos da vida. Mas essa só acontece no
momento presente. E a realidade é que vamos definhar. Cabelos brancos
aparecerão, a pele enrugará.
Negamos à libido
o fluxo da vida quando negamos os estágios inevitáveis da vida. Amadurecer em
nossa sociedade atual é um grande problema, pois negamos a morte. Como diz
Jung, a fuga da vida não nos liberta da lei do envelhecimento e da morte.
É por isso que
atualmente, doenças psíquicas como a depressão e a ansiedade crônica, atingem
números alarmantes.
Em sua obra
Símbolos da Transformação, Carl Jung alerta sobre o perigo de ignorarmos o
inconsciente. E esse perigo se encontra na invasão.
“A invasão do
inconsciente torna-se um perigo real para o consciente quando este não é capaz
de captar e integrar compreensivamente os conteúdos trazidos.”
“Os conteúdos
que então invadem o consciente representam, de forma arquetípica, aquilo que o
consciente deveria ter vivenciado para não estacionar.”

A transmutação
da realidade está em aceita-la e ser vivida em sua plenitude.
Esse é o
sacrifício que deve ser feito!
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