Posseidon e o poder das emoções
Por: Hellen Reis Mourão
Na mitologia grega, Posídon também conhecido como Possêidon, assumiu o estatuto de deus
supremo do mar, conhecido pelos romanos como Netuno possivelmente tendo origem etrusca
como Nethuns. Também era conhecido como o deus dos terremotos.
Os símbolos associados à Posídon com mais freqüência eram o tridente e o golfinho.
A origem de Posídon é cretense, como
atesta seu papel no mito do Minotauro. Na civilização minóica era o deus
supremo, senhor do raio, atributo de Zeus no panteão grego, daí o acordo da
divisão de poderes entre eles, cabendo o mar ao antigo rei dos deuses minóicos.
Um dos filhos de Cronos e Reia, foi regurgitado pelo
pai Cronos juntamente com seus irmãos Héstia, Deméter,
Hera, Zeus e Hades.
Tinha como representantes o cavalo e o
touro, simbolizando instintos, a sexualidade e a fertilidade (todas as
investidas sexuais dele geraram filhos).
Possêidon
representa o arquétipo da vingança e do ressentimento (vide a perseguição de
dez anos contra Odisseu). Possêidon
era implacável quando contrariado, onde ele mostrava sua face destrutiva e
regressiva.
Deus dos mares, dos navegantes e dos
maremotos. Tinha, assim como o mar, um temperamento instável e vingativo.
Sendo, portanto, o representante do inconsciente, vasto, misterioso e
imprevisível.
Possêidon
é também o arquétipo das emoções, possuindo a capacidade de penetrar no reino
do inconsciente onde se localizam os nossos afetos mais profundos e
aterrorizantes.
A lenda do Minotauro ilustra bem isso. Após
assumir o trono de Creta,
Minos
passou a combater seus irmãos pelo direito de governar a ilha. Rogou então a Possêidon pedindo que lhe enviasse um touro branco como a neve,
como um sinal de aprovação ao seu reinado. Uma vez com o touro, Minos deveria sacrificá-lo em homenagem ao deus, porém decidiu
mantê-lo devido a sua imensa beleza. Como forma de punir Minos, a deusa Afrodite
fez com que Pasífae,
mulher de Minos, se apaixonasse perdidamente pelo touro. Pasífae pediu então ao artesão Dédalo
que lhe construísse uma vaca
de madeira
na qual ela pudesse se esconder no interior, de modo à copular
com o touro branco. O filho deste cruzamento foi o monstruoso Minotauro.
Parsífae cuidou dele durante sua
infância, porém eventualmente ele cresceu e se tornou feroz; sendo fruto de uma
união não-natural, entre homem e animal selvagem, ele não tinha qualquer fonte
natural de alimento, e precisava devorar homens para sobreviver. Minos, após
aconselhar-se com o oráculo em Delfos, pediu a Dédalo que lhe construísse um
gigantesco labirinto para abrigar a criatura, localizado próximo ao palácio do
próprio Minos, em Cnossos. O Monitauro foi posteriormente morto pelo herói
Teseu.
Mais uma vez aqui vemos o caráter vingativo
e rancoroso do Deus. Entretanto, o que chama a atenção é que Possêidon representa, por meio do
touro e do Minotauro a instintividade mais crua e mais escondida no ser humano.
Aquela que não ousamos nomear, nem falar e que escondemos em nossos labirintos.
No Tarot Mitológico, de Liz Greene e
Juliet Shaman-Burke, a lâmina A Torre, é representada pelo labirinto do
Minotauro e um Posseidon irado destruindo-a. Sobre ela vale a pena destacar o
seguinte comentário.
“A Torre partida pelo deus retrata a
destruição de antigos padrões. Ela é a única estrutura construída pelo homem
presente nos Arcanos Maiores, e exatamente por isso representa as estruturas tanto
internas como externas que construímos para servirem de defesa contra a vida e
como esconderijo para os aspectos negativos e menos agradáveis de nossa
personalidade.
De um modo geral, a Torre é a imagem das
fachadas socialmente aceitáveis que adaptamos para esconder nossa fera
interior. Ela é a estrutura dos falsos valores ou daqueles já superados,
daquela postura diante da vida que não se origina do ser como um todo, mas que
vestimos como a roupa de um determinado personagem de uma peça, apenas para
impressionar a platéia. A Torre também representa as estruturas que construímos
no mundo externo para completar o nosso eu incompleto.”
Portanto, quando esse arquétipo é
ativado em nossa psique, pode trazer a tona afetos reprimidos inundando a
consciência e tomando o ego. As emoções, representadas pelo mar de Posseidon
podem ser destrutivas, mas também podem trazer a tona sentimentos profundos
reprimidos para que possam ser trabalhados à luz da consciência, expandindo
nossa visão sobre nós mesmos e nos tornando mais humildes e humanos.
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